
A AgroGalaxy, um dos maiores grupos do agronegócio brasileiro, registrou prejuízo líquido ajustado de R$ 152,8 milhões no primeiro trimestre de 2025. Apesar do resultado negativo, o número representa uma melhora em relação ao prejuízo de R$ 249,6 milhões no mesmo período de 2024.
A receita líquida caiu 79%, somando R$ 341 milhões, com forte retração nas vendas de fertilizantes e grãos. O Ebitda ajustado também ficou negativo, em R$ 59 milhões. Segundo a empresa, os números refletem um modelo de negócios mais enxuto, voltado à rentabilidade e margens.
As informações foram divulgadas pelo colunista Graciliano Rocha, do portal Uol.
Redução drástica nas operações
A empresa ou por uma profunda reestruturação após entrar com pedido de recuperação judicial em setembro de 2024, quando acumulava dívidas de R$ 4,6 bilhões. De mais de 160 lojas em 14 estados, restaram 65 unidades em nove estados, além do fechamento de estruturas como plantas de sementes e armazéns.
O plano de recuperação judicial foi homologado pela Justiça de Goiás em 27 de maio, após aprovação de 82,4% dos credores. A estratégia inclui controle de custos, venda de ativos e reestruturação de ivos.
Venda de ativos e renegociação de dívidas
Uma das principais medidas é a venda de uma carteira de recebíveis avaliada em R$ 760 milhões, o que deve gerar R$ 91 milhões em caixa e reduzir R$ 300 milhões em dívidas. A Justiça também autorizou a venda de outros ativos, conforme condições de mercado.
A juíza Alessandra Gontijo do Amaral, da 19ª Vara Cível e Ambiental de Goiânia, reconheceu a legalidade do plano, mas invalidou cláusulas que protegeriam sócios e executivos de ações judiciais por parte dos credores.
Como ficou a situação dos credores
O plano aprovado prevê diferentes formas de pagamento:
- Credores trabalhistas: valores até 150 salários mínimos terão uma primeira parcela de R$ 6 mil paga neste mês; o restante será quitado até junho de 2026.
- Credores quirografários (sem garantias): até R$ 15 mil pagos neste mês; valores maiores podem ser pagos com 85% de deságio, carência de 3 anos e 26 parcelas semestrais (16 anos), corrigidas por TR + 0,5% ao ano.
- Pequenas empresas: até R$ 10 mil neste mês; o excedente pode ser pago em 16 parcelas semestrais (8 anos), após 2 anos de carência, corrigido pelo IPCA.
- Credores financeiros parceiros: pagamento em até 11 anos, com 2 anos de carência, sem deságio, com correção pelo IPCA, desde que mantenham apoio à empresa.
- Produtores rurais parceiros: receberão parte dos créditos em grãos a partir de janeiro de 2026, com cotações pré-definidas. Produtores que encerraram relações com a empresa receberão integralmente em até 5 anos.
O não cumprimento do plano poderá resultar na decretação de falência, caso seja solicitado por credores prejudicados.